Cem números da Agália

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PGL - A Agália publicou o volume duplo 99/100, com o que completa um quarto de século de presença continuada no mercado. A revista de Ciências Sociais e Humanidades dedica especialmente este número para esclarecer como a Associaçom Galega da Língua (AGAL) atualiza a sua normativa conforme o Acordo 1990. Outros trabalhos de galegos, portugueses e brasileiros completam o valioso exemplar.

“Na oferta material da revista vai um conjunto dos bens imateriais mais prezados que conseguimos preservar nestes anos. […] E por fortuna fomos capazes de manter a cabeça levantada, na boca este canto, para dar memória, sustento, futuro. Por isso menos agriamente (mas igual de épicos) podemos no século XXI talvez dizer que se a nossa identidade não foi hoje totalmente formatada muito se deve ao disco rígido preservado na Agália.

Que o seu nome, mantra, vos diga quem somos.
Quem podemos ser”.

(Carlos Quiroga)

A revista consta de duas partes. Numa separata que acompanha o exemplar inclui a (pp. 9-62) “Atualizaçom da Normativa Ortográfica da Comissom Lingüística da AGAL (CL-AGAL) conforme o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990”, trabalho que assina a Comissom Lingüística da AGAL. É o artigo mais longo. Conta de um “Preámbulo”, em que se assinala que as modificaçons introduzidas na codificaçom ortográfica da AGAL aconselhadas polo Acordo Ortográfico “se bem nom representam umha alteraçom substantiva, nem do ponto de vista quantitativo nem do qualitativo, das pautas gráficas que constituem esta proposta normativa, sim constituem novidades significativas, conducentes a reforçar a solidariedade com as outras modalidades do galego-português”. Este contributo oferece, na continuaçom, os seguintes pontos:

2.-Alcance e justificaçom das novas prescriçons ortográficas da CL-AGAL; 2.1.-Seqüências interiores çc (cç), ct, pc (pç) e pt (=grupos consonánticos); 2.2.-Acentos diacríticos; 2.3.-Acentuaçom de ditongos abertos; 2.4.-Emprego do hífen ou traço de uniom; 2.5.-Emprego de maiúsculas ou minúsculas iniciais; 2.6.-Emprego de –n final (em eruditismos).

3.-Parte dispositiva: atualizaçom da normativa ortográfica da CL-AGAL; 3.1.-Emprego do –n final; 3.2.-Grupos consonánticos cc (cç), ct, pc (pç), pt; 3.3.-Acentos diacríticos; 3.4.-Acentuaçom de ditongos abertos; 3.5.-Emprego do hífen ou traço de uniom; 3.6.-Maiúsculas ou minúsculas iniciais.

4.-Apêndice: Correçom de lapsos e lacunas detetados no Estudo Crítico (1989) e no Prontuário Ortográfico Galego (1985).

O Professor-Doutor Carlos Garrido, da Universidade de Vigo, na sua condiçom de Presidente da Comissom Lingüística da AGAL, complementa a parte lingüística com o estudo (pp. 83-114) “Fundamentos e características da vigente normatividade lexical”, um artigo que “analisa as fontes e as características da (dupla) prescritividade lexical que, definida no decénio de 1980, está hoje vigente no galego-português da Galiza, para o que se introduzem os conceitos de prescriçom enunciativa, prescriçom propositiva e prescriçom pragmática.

Esta análise leva a concluir que as características fundamentais da prescriçom lexical isolacionista (fundamentalmente propositiva) som ineficácia, incoerência, arbitrariedade, instabilidade e insuficiência prescritivas, enquanto a prescriçom lexical reintegracionista (fundamentalmente enunciativa) se caracteriza pola sua eficácia, coerência e estabilidade. No entanto, o trabalho assinala algumhas deficiências presentes na prescriçom lexical da Comissom Lingüística da AGAL que esta deverá sanear”.

Cartas portuguesas e galegas

A separata antes indicada é o primeiro dos três especiais que diferencia este número da revista. Os outros dous, já no corpo da publicaçom, som: (pp. 63-75) “Tomaz de Figueiredo a Maria Ondina Braga: correspondência inédita”, trabalho preparado por Sérgio Guimarães de Sousa, da Universidade do Minho, em que se reproduzem nove cartas e dois bilhetes postais entre eles; e mais (pp. 77-80) “4 cartas de Manuel Rodrigues Lapa a Xavier Alcalá”, datadas entre 1975 e 1978, com informaçons de interesse a respeito do intelectual português sobre a cultura e a língua da Galiza.

Estudos

Para além do contributo de Carlos Garrido antes assinado a respeito da normatividade lexical na Galiza, os outros estudos que oferece este número som:

  • “A censura à escrita feminina, à maneira de ilustração: Judith Teixeira, Natália Correia e Maria Teresa Horta”, de Mónica Sant’Anna, da Universidade de Santiago de Compostela (pp. 115-139).
  • “Tomaz de Figueiredo, o crítico literário”, de Sérgio Guimarães de Sousa, da Universidade do Minho (pp. 141-162), em que se reproduzem duas cartas inéditas de José Régio (pp. 141-162).
  • “Murilo Mendes, Edward Said: mundos que se conhecem”, de Ulisses Infante, leitor brasileiro da Universidade de Santiago de Compostela (pp. 163-172).
  • “Aristóteles e a democracia: soberania da massa e império da lei”, de Luís G. Soto, da Universidade de Santiago de Compostela (pp. 173-182).
  • “Concretismos na literatura e na arquitetura brasileira”, de Luís Magarinhos, da Universidade de Santiago de Compostela (pp. 183-197), artigo este acompanhado de interessante iconografia.

Poesia/Relato

A produçom literária inclui nesta ocasiom poesia de Antom Fente Parada (201-218) e narrativa de João Lobo (pp.219-232).

Entrevista

O director da Agália, Carlos Quiroga, professor da Universidade de Santiago de Compostela, assina umha entrevista com valter hugo mãe (assim, com minúsculas, por decisom dele) um angolano que ocupa lugar de destaque na literatura portuguesa atual, tendo atingido importantes prémios, para além de ser editor e ter dedicaçom às artes plásticas e à música. A entrevista está inserida nas páginas 233-238, e foi feita com ensejo de umha visita que realizou à Galiza, por convite do Instituto Camões, o que o leva a manifestar as suas impressons a respeito dessa experiência.

Notas

No capítulo de Notas encontram-se os seguintes trabalhos:

  • “A cabanagem no Grão-Pará (1835-1840): ecos no Periódico dos Pobres no Porto”, de António José Queirós, da Universidade do Porto (pp. 241-249).
  • “Raul Brandão: um militar com alma de anarquista”, igualmente de António José Queirós (pp. 251-259).
  • “Primeiros contactos do Japão com Europa: Influência de Portugal na realidade japonesa do século XVI”, de Raquel Queiruga, da Universidade de Santiago de Compostela (pp. 261-268).
  • “Raul Bopp: Uma cobra identitária a serpentear na invisibilidade”, de Alba Cid Fernández, da Universidade de Santiago de Compostela (pp. 269-286).
  • “Diálogo entre Filosofia e Literatura: nas travessias do pensamento grego e português”, de Celeste Natário, da Universidade do Porto (pp. 287-296).
  • “O Eça de Queirós de Carlos Reis (1975-2009)”, de Joel R. Gômez, do Grupo de Pesquisa Galabra da Universidade de Santiago de Compostela.

Resenhas

Na parte de crítica (pp. 307-321), inclui as seguintes resenhas:

  • Do Ñ para o NH, de Valentim R. Fagim, livro recenseado por Joseph Ganime López.
  • História literária do Porto através das suas publicações periódicas, de Alfredo Ribeiro dos Santos, recenseado por Luís G. Soto.
  • Os meninos e outros poemas, de António José Queirós, recenseado por Luís Filipe Pereira.
  • A Via Lusófona. Um novo horizonte para Portugal, de Renato Epifânio, recenseado por Jesus Carlos.
  • Caim, de José Saramago, recenseado por Carlos Quiroga.

Notícias e texto conclusivo

A secçom “Percurso” (pp.325-346) oferece diversas notícias da atualidade, referidas ao segundo semestre do ano 2009; a iconografia da capa, contracapa, e as fotografias das páginas interiores, som de Lene Meyer Yong-Jae; finalmente, nas páginas 349-352, o director da Agália, Carlos Quiroga, escreve “100 números. Agália, mantra”, texto conclusivo que avalia brevemente a trajectória da revista nestes primeiros 25 anos. É desse texto de onde se seleccionárom os trechos que iniciam, na epígrafe, a presente notícia.

 

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