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Absurdo

Levo uns quantos dias alucinando. Ainda não consigo acreditar. Remeto apenas ao magnífico texto de Lupe Cês no foro de Vieiros. Concordo em tudo. Tudo. Passam-me tantas ideias pela cabeça, tantas coisas que quero dizer, entre a minha estima pessoal para com o autores do atentado e a minha absoluta repulsa à acção, por violenta e irracional. Entre a minha preocupação pelo que lhes possa acontecer e a minha carragem pessoal por como tudo isto nos pode condicionar a todos. Entre reconhecer-lhes o espírito de entrega e denunciar que joguem com um projecto de país que é de todos, e que nos condicionem a todos, como se tivêssemos pouco já contra o que lutar. Entre o absurdo e o absurdo, como abrir uma conta de solidariedade com os represaliados na mesma entidade bancária contra a que atentaram. Como que alguém mais conhecido que a Coca-Cola se ponha uma peruca para passar despercebido. Como começar uma guerra aberta pensando só no ataque, e nunca na defesa. Como provocar uma repressão imparável contra eles próprios, e quem sabe contra quem mais. Como passar a vida a justificar uns actos pela sua legitimidade (falsa), e não pela sua necessidade estratégica. A luta armada é legítima? A quem lhe importa! Seja como for é totalmente inconveniente. Quando militava no independentismo passei a vida a ouvir discussões sobre a puta legitimidade da puta luta armada. Pelos vistos, todos pensavam que era conveniente, porque sempre deixámos essa questão a um lado, porque sempre passamos a vida a contradizer o discurso moral da ideologia dominante, sem reparar noutras coisas. Tudo com um absurdo discurso sobre a honra do país que votou sempre maioritariamente num ex-ministro franquista. Tudo com um discurso moral que partia da pátria para chegar ao resto. Absurdo, absurdo, absurdo.

7 comentários

Comentário de: Além [Visitante]
Além

Muita razom tens, meu paisano. Nom comprendo como nom se decatam já duma vez do dano que fazem com acções desse estilo. É incompreensível que essa mesma gente logo pretenda ter credibilidade numa sociedade que rejeita todo câmbio ou acçom brusca. Como podem pretender que os demais tomem as suas posturas por legítimas? E o pior de todo: gente como essa faz muitíssimo dano à esquerda independentista -a de verdade, a que procura a libertaçom, nom a violência- da que muitos nos consideramos pertencentes. Por culpa de gente assim, já nom temos credibilidade, nom temos peso moral, nom temos nada. O câmbio vai vir da gente, e a gente vai identificar independentismo com bombas. À merda com o independentismo se custar apenas uma vida. Nom paga a pena.

>>Esperta do teu sono…

28-07-2005 @ 16:59
Comentário de: MigRoque [Visitante]
MigRoque

Hoje muitos se recusam a lutar seja por aquilo que for se agarrando ao medo de perca de vidas.(esquecendo que outros perderam a vida quando seus povos foram ocupados).
Mas penso ainda que sem nossa identidade nada somos mais do que mutantes em constante transformação.
Hoje Galiza está integrada na Espanha, Olivença está integrada na Espanha.
Mas no passado as coisas foram diferentes, e se em 1640 Portugal não reagisse também nós hoje eramos espanhois.
Penso que cada povo tem direito á sua própria identidade.
MigRoque

28-07-2005 @ 20:03
Comentário de: José Ramom Pichel [Visitante]
José Ramom Pichel

Um pais que não se ri de si mesmo não merece nada! Tantas cousas por fazer entre todos e todas, pensemos igual ou diferente, e não há mais imaginação e mais prioridade do que isso. Surrealista. Nem sequer surrealista, subrealista. Muito bem o artigo Eugeniote.

28-07-2005 @ 21:04
Comentário de: eugeniote [Membro]  

MigRoque, desculpa, mas não percebo nada de que queres dizer. Em nenhum momento me recusei a lutar pela minha identidade, antes me limitei a criticar uma forma de luta. Por outro lado, se não percebes que alguém se recusse a lutar pelo risco de perda de vidas, tens um problema com a humanidade.

28-07-2005 @ 21:26
Comentário de: Mário [Visitante]
Mário

Já julgaram esses dous rapazes? Não o sabia. Que rápidos somos os galegos, até mais do que a Justiça espanhola!

29-07-2005 @ 11:38
Comentário de: Além [Visitante]
Além

Eu tampouco falei de me negar à luita. E, senhor MigRoque, o contexto histórico-político de Portugal em 1640 é distinto do contexto da Galiza hoje. Hegel já dixo que os indivíduos nascem a uma sociedade, e que nom podem dar-se de baixa dela. A sociedade do século XVII nom rejeitava a violência como médio para acadar algo. A nossa sim. Alguns podem pensar que isso faz que seja mais difícil ou até impossível acadar algo. Eu nom o penso. O povo catalám está a acadar muitas cousas devagar, mas essas cousas vam-se acumulando. Nom se pode ser como os de Falange Española, que pensam que as pessoas som borreguinhos, e eles som os “elitistas iluminados", os únicos capazes de dirigir o povo. Se na Galiza a gente votou o Fraga, haverá que pensar por que. Logo, sabêndomos isso, cambiemo-lo. E insisto na ideia de que uma pátria nom vale uma vida. Se hoje a nossa sociedade ainda pensasse assim, teríamos uma espiral de ódio que nom conduz a ningures.

29-07-2005 @ 12:34
Comentário de: Além [Visitante]
Além

As minhas desculpas, restou algo por dizer.

O problema mais grave que tem hoje a Galiza, embora a sua identidade esteja a ser massacrada dia a dia disfarçando-a de folclore, nom é o controlo espanholista. É o que este controlo leva consigo: capitalismo, machismo, patriarcado, vulneraçom dos direitos dos monolíngües em galego, exploraçom laboral, emigraçom por mor do paro… Esses som os verdadeiros problemas da Galiza. Se nom os pode solucionar em Espanha, terá que ser pola sua conta.

29-07-2005 @ 12:52