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O periodo

Estou com o periodo, mais uma vez. Deitando contas, acho que me vem uma vez ao mês. Já me volto sentir só. Na verdade, estou a reparar que isso de estar só não passa de um nome, que o meu é estar simplesmente mal. Acontece quando reparo em tudo o que não fiz, ou o que não tenho, ou o que vejo impossível. Na Galiza vinha-me a miúdo, mas então combinava com alguém, tomava umas garimbas por aí, falava. E sempre tinha um abraço, bem na saudação, bem na despedida, bem durante a conversa. Sou abraço-dependente. Na Galiza era a combinação perfeita: passava tempo e tempo só, porque sou solitário por natureza, mas quando a solidão me assolagava, quando todos os projectos que me plantejo para mim podiam comigo, sempre havia alguém, quem quer que fosse, para falar do que quer que fosse. Se uns não podiam, podiam outros. Mas aqui não. Por isso quando me sinto mal, também me sinto só, e passa de quando em quando. Gus (meu caríssimo Gus) não pôde ontem combinar comigo. E acabaram-se as hipóteses.

Follow up:

E depois está a questão do contacto físico, o sexo de baixa intensidade: abraços, beijos, carícias no costado ou na cara. Tudo o que se pode fazer entre amigos ou familiares sem correr perigo. No domingo passado achei uma aluna num bar. Era a inauguração de L'Escaparate, do amiguete Rubém. Lucia, a minha aluna, estava totalmente bêbada, e no meio da conversa e as piadas deu-me um beijo na cara, sem pedi-lo eu nem que a situação o pedisse. Estava bêbada, repito, e emocionou-se com o facto de termos os mesmo amigos e que eu estivesse também bêbado. Mas reparei nalgo importante. No mesmo momento em que me deu o beijo, em que passou a mão pela minha barriga dizendo "Uxio, estás borracho!", dei-me conta da quantidade de tempo que ninguém fazia isso. E foi uma verdadeira libertação poder mover as mãos como uma menina ilusionada, pondo cara de surpresa, justo no momento a seguir. Porque, hóstias, eu tenho pluma. A minha pluma é parte do jogo de sexo de baixa intensidade. A minha pluma permite-me jogar a ser amiga dos meus amigos e amigas, e é uma passada. E já estou farto de ser o professor que tem que guardar a compostura. Romper essa barreira foi lindo. Passar outra vez sem isso, agora sabendo o que estou a perder... não, não é. E não sei se tenho hipótese. Mas esta noite vou ao bar de Rubém a ver quem anda. Se não houver sexo de baixa intensidade, pelo menos poderei conhecer gente para tomar um café.

02- 04 - 2004, intimidades

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